Pregado na Igreja Batista da Tijuca, hoje Primeira Igreja Batista no Andaraí, em 01.08.1954
Vimos há poucos domingos algo sobre a responsabilidade da vontade humana. Hoje estudaremos outra força caracterizadora do homem, ou seja, sua capacidade de expressão por meio da palavra.
O problema da linguagem tem sido estudado pelos homens através dos anos, com carinho e pequeno progresso.
1. Convenção ou invenção tardia. Locke moderno, democrático no passado. O homem depois de um período de vida selvagem criou um código de linguagem.
2. Epícuro e outros sustentaram que a linguagem foi dada ao homem pela natureza.
3. Platão admitiu a ideia onamotopaica - reprodução de um som natural - para a origem da linguagem. O homem teria aprendido a falar em face das vozes surdas da natureza.
4. Herder diz que o homem foi levado a falar mediante os estados de dor ou alegria da alma que precisavam ser expostos.
5. Outros sábios defendem a ideia de uma elaboração progressiva. Outros a ideia da linguagem como tendo sua origem em monossílabos que se tornaram palavras e dai palavras e frases. Para nós, todas estas teorias afirmam duas coisas:
a. O homem é superior a todos os animais pela linguagem.
b. A Ciência não pode provar como inverdade o fato de que Adão e Eva já conversavam na aurora da vida humana.
I - RESPONSABILIDADE DA PALAVRA EM VIRTUDE DE SEU PODER
1. Palavras são bombas. Bombas que destroem, que revolucionam, que dividem ou que unem para sempre. Assim como os arsenais de guerra preparam os homens que hão de semear as bombas fatídicas das guerras sangrentas, de igual maneira os homens pela palavra escrita e falada podem lançar os germens de grandes conquistas no mundo. Como bombas, as palavras nem sempre preparam a estrada reta que nos conduzirá à vitória. Palavras mal cuidadas podem trazer destruição ao nosso próprio caminho.
2. Imaginai a lei que trouxe libertação aos escravos no Brasil. Talvez algumas linhas num decreto assinado por uma mulher e eis todos os milhares de escravos libertos, mediante aquela declaração (13.05.1888). Nossa história é pontilhada de vitórias da palavra. Houve uma ocasião em que o Brasil ansiava pela palavra decisiva. Foi a ocasião em que o Brasil precisava de D. Pedro. "Pedro, o Brasil cedo ou tarde separar-se-á de Portugal. Ponha a coroa em tua cabeça antes que algum aventureiro lance mão dela". E não muitos dias depois ouviam os brasileiros a palavras valiosa do jovem Regente: "Como é para o bem de todos e felicidade geral da nação, digo ao povo que fico". O "Dia do Fico" foi um dia de esperança. As palavras eletrizaram o povo e trouxera nova esperança aos corações (09.01.1822).
3. Mas pensemos nas palavras como um poder de uma arma de alto poder. Estamos vendo as maneiras de trazermos homens a Cristo. Muitos usam as palavras para separá-los de Cristo.
II - TEMOS RESPONSABILIDADES NAS PALAVRAS UMA VEZ QUE ELAS SÃO TODAS CONTADAS E ANOTADAS
1. As grandes estações de rádio possuem uma pessoa destacada para ouvir todas as palavras que são .proferidas. Tais pessoas, as controladoras, são uma espécie de termômetro para as emissoras. A Câmara e o Senado possuem os estenógrafos , cuja finalidade é registrar todas as ocorrências. Há tempos houve a apresentação do manifesto evangélico na Câmara. O Diário Oficial publicou na íntegra a declaração, não obstante o interesse de forças contrárias para impedir a divulgação.
2. Meus amigos; mais que tudo isto, Deus tem controladores. Todas as palavras ditas pelos homens estarão diante dos mesmos no grande dia do juízo de Deus sobre todos os homens. Fico impressionado com tantos homens de colarinhos e ternos grã-finos cujo vocabulário é cheio de tolices. Quantas vezes esperamos que uma boca abra para abençoar e ouvimos os maiores disparates.
3. A língua é semelhante a um cavalo de corridas. Quanto mais aliviada, mais corre.
4. Ouvi um grande sermão sobre o bilhete que Davi escrevera a Joabe pedindo que colocasse Urias à frente do exército para que morresse. Dizia o pregador que depois de possuir aquele bilhete Davi tudo fizera para ter a lealdade de Joabe, mas em vão. Joabe estava de posse do terrível documento. Meu amigo, qual é a tua folha corrida diante de Deus?
5. Elas revelam o nosso coração.
III - TEMOS RESPONSABILIDADE EM NOSSAS PALAVRAS PORQUE POR ELAS SEREMOS JUSTIFICADOS OU CONDENADOS
1. Jesus fala daqueles que dirão naquele dia: "Não profetizamos nós em teu nome?... Nunca vos conheci". Talvez sejam do tipo de Charles Maurice de Talleyrand - 1754-1838 - estadista francês: "Falo como eclesiástico, mas também como parlamentar". E quando o estadista for para o inferno onde irá o clérigo?
2. Justificados ou condenados... "Creio Senhor"... Justificado; Jesus é Palavra. Aceitemo-lo como Salvador e Mestre.
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