Sermão pregado em 06 de fevereiro de 1955
Possivelmente haverá quem veja no Cristo que procuraremos estudar um traço diferente daquele que caracterizamos como o mais lido, o mais apelante, o mais glorioso dessa vida maravilhosa.
I – CONTRASTES NO GRANDE CRISTO
1. Jesus é uma personalidade cheia de contraste. Vejamos. Ao inicio da narrativa de Lucas (4.1) nós o encontramos faminto. Mas em sua solidão e fome recebeu a visita de Satanás que busca destruí-lo para sempre. As tentações eram insinuadoras e teria feitro o primeiro Adão sucumbir facilmente. Mas jamais abalaram o Cristo que tão fraco de corpo era invencível no Espírito.
2. Mas no mesmo Evangelho encontramos aquele que enfrentara a Satanás saindo por entre a multidão que o perseguia, sem uma palavra de explicação, sem queixa.
3. No Evangelho de João, temos o Cristo cheio de ternura a assistir a um casamento. Mas logo adiante o mesmo Cristo está de azorrague (chicote) nas mãos expulsando os ladrões do templo.
4. Ali está o Cristo que tem nas mãos alguns pães e alguns peixes e que os multiplicam para a multidão, mas no dia seguinte o mesmo Cristo não somente recusa a multiplicar pão como diz palavras duras à mesma multidão que alimentara o dia anterior.
5. Tão flagrantes eram os contrastes em Jesus que seus ouvintes o classificavam de modos diversos: Para uns era Elias, o profeta que mandava vir fogo do céu e que profetizava o aniquilamento total de seus adversários. Mas outros viam nele as lágrimas de Jeremias, o profeta de coração tenro.
6. Jesus fala com Pilatos, respondendo às suas perguntas, mas silenciava diante de Herodes. Discutia e vencia a todos os adversários, mas não fazia um esforço sequer para se libertar de suas mãos na noite da prisão.
II – QUAL O CRISTO DE NOSSA GRANDE AFEIÇÃO?
1. Alguns se maravilham com o Cristo criancinha de Belém. Era tanta a pobreza, tão indescritível a sua necessidade. Assim desamparado e pobre, deitado numa pequena manjedoura, o rei de toda a terra. Este é o quadro aparentemente impossível.
2. Outros sentem o fascínio de Cristo vencedor de Satanás. No deserto uma vitória; durante o seu ministério a cada investida do tentador, Jesus o vencia maravilhosamente.
3. Um terceiro grupo sentirá o fascínio de Cristo miraculoso. Ei-lo majestoso que anda sobre o mar. Ei-lo a curar as mais estranhas enfermidades. Ei-lo a banir os espíritos, a ressuscitar mortos, a conduzir o cego pela mão...
4. Talvez um grupo se maravilhe com Cristo que atendia a Zaqueu em sua residência. O Cristo que podia declarar: “O Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido” (Mateus 18.11).
5. Há ainda o grupo daqueles que amam a Cristo visionário por causa de sua vitória sobre a morte. O Cristo que venceu no Calvário agora dizia cheio de confiança no futuro da obra que estava iniciando. “É me dado todo o poder no céu e na terra”... (Mateus 28.18).
Eu amo a todos esses lances do caráter glorioso de Jesus. Mas em nenhum deles o vejo mais precioso. Qual será o Cristo mais precioso para mim?
III – MEU CRISTO MAIS PRECIOSO É O CRISTO COMPASSIVO
Eu amo o Cristo que não julga as aparências, mais que penetra no íntimo e vê o coração. É o Cristo que é a lealdade em forma de santo. É o Cristo que ama, que guarda justifica e alegra e conforta.
1. Ali está o pobre crente caído na tentação. Seu coração está partido e sua fé continua em Deus... Quando eu preciso do meu Jesus... Quando eu tropeço perto da cruz... Cristo está perto com sua luz... Quando eu preciso mais e mais...
2. Ali estava o paralítico quebrado pelo pecado. Seus amigos o trouxeram. Jesus sabia que aquele moço era vítima do seu pecado. Olhou para eles e vendo a fé que sentia disse logo de início: “Filho, perdoados estão os teus pecados... (Mateus 9.2).
3. Ali estava a mulher hemorrágica por entre a multidão temerosa e aflita... “Não temas... Tende bom ânimo”... (Mateus 9.22).
4. Ali vemos a multidão faminta... “E teve compaixão”... (Mateus 9.36).
5. “Vinde a mim todos que vos achais cansados e oprimidos”... (Mateus 11.28-30). Uma pobre decaída veio adorá-lo aos pés... “Filha, a tua fé te salvou, vai em paz... (Marcos 5.34).
6. Os algozes trouxeram a mulher apanhada no pecado. O Mestre escrevia na terra... Ninguém te condenou... (João 8.11).
Li de reunião de pastores em São Paulo que escreveram suas faltas depois colocaram na sacola e oraram... depois queimaram tudo aquilo... Jesus viu tudo...
7. João gostava de dizer: “Temos um advogado para com o Pai”... (1João 2.1). Que é um advogado? Aquele que assina um papel e coloca sobre os ombros toda a sua luta.
Em tudo foi Ele tentado, mas sem pecado, pelo que pode socorrer os que são tentados.
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