Sermão pregado na Igreja Batista da Tijuca, atualmente Primeira Igreja Batista no Andaraí, no Estado do Rio de Janeiro em 14.01.1952
O capítulo 37 de Ezequiel traz uma mensagem aos corações sofredores dos israelitas em cativeiro. Vamos estudá-lo ligeiramente observando:
1. A causa dos ossos terem se secado.
2. A esperança de renovação.
3. Os agentes dessa transformação.
I - CAUSA DOS OSSOS HAVEREM SECADO - o pecado
Poderíamos simplificar toda a discussão do primeiro ponto de nossa meditação de hoje por dizer: a causa da sequidão dos ossos foi o pecado. Sim, o pecado do qual dizia o Salmo 32.3-5: "Enquanto eu me calei envelheceram os meus ossos...".
Notemos a evolução e os estragos do pecado para com a misericórdia divina na vida de Israel. Depois de sofrerem das mãos dos faraós, os israelitas conheceram o livramento do Senhor, e, sobre as ordens de Moisés, entraram na terra depois de variadas peregrinações pelo deserto por quarenta anos.
Dirigidos por Deus entraram na terra e lutaram contra os Anakins e os mais terríveis gigantes. Enfrentaram a posição segura dos inimigos. Juízes foram promovidos por Deus até que depois de Samuel o povo chega ao ponto de dirigir seus próprios destinos políticos... Saul...Davi; Davi... Salomão. Em Salomão cumpriu-se o propósito de Deus quando disse por intermédio de Moisés no livro de Deuteronômio 17.14-1 9. E Israel se engrandeceu e tornou-se uma potência diante de todas as nações. Mas Salomão seguiu as ideias pagãs de suas esposas.
E agora, levado cativo... Israel estiola; chora. Era a dor do pecado. Era a morte do pecado.
O verso 11 deste capítulo nos aponta esta verdade. O pecado havia aniquilado Israel que agora clamava. Quantos escravos o pecado tem feito?. Salmo 137 descreve o estado da dor.
II - VIVERÃO ESSES OSSOS?
Quantas vezes uma família reunida, tendo ao lado o médico, olha ansiosa para ele e pergunta: Viverá...? O médico vacila, hesita e por fim diz: Talvez! Outras vezes é o desespero que desalenta os corações e todas as esperanças são sepultadas inteiramente
1. Imaginai agora o profeta diante de um vale cheio de ossos inteiramente secos. Possivelmente em sua mente já houvesse estado pensando assim. E Deus lhe pergunta: "Viverão" ? "Tu sabes, Senhor. Sim, eu nada sei, mas tudo sabes de todas as coisas...".
2. Quantas vezes um pai aflito pergunta ao pastor: "Haverá esperança para meu filho? E um homem sofredor diz: "Estou chafurdado em meus pecados; viverei outra vez"? Ezequiel via os ossos e a fé vacilava, era a dúvida. A dúvida vê sempre a dificuldade, mas a fé sempre vê o caminho. E o Senhor respondeu com o verso 4. Os ossos começaram a viver. Mediante o quê?
A) Mediante a pregação - profetiza - prega. "Vós que estais aqui nesta noite já um tanto desacorçoados. tristes... vencidos... olhai; o poder vem de Deus, depende de vós desejardes.
B) Vos farei entrar o Espírito e viverás. Séculos mais tarde Jesus haveria de repetir: "O Espírito é o que vivifica". Ninguém jamais foi regenerado à parte do Espírito Santo.
3. Vimos, recentemente, a necessidade de um coração regenerado. Pois o coração regenerado somente o será pelo Espírito que a tudo transforma. Jakob Ludwig F. Mendelsson – (1809-1847), na Catedral de Freiburg, Alemanha, pediu para tocar o órgão sem uso há bastante tempo. Não, este instrumento é muito valioso... Depois de inquirir Mendelsson começou a tocar... E o zelador, assustado, perguntou: Quem és? Mendelsson. O homem, em lágrimas, replicou: - E pensar que quase impedi Mendelsson de tocar neste instrumento.
Aquele órgão que estava mudo encheu-se de vida e a música por ele produzida derreteu o coração do zelador.
III - O MANTENEDOR DA UNIDADE DO HOMEM COM O SEU DEUS
O Espírito ressuscita os ossos. O Espírito os veste. Mas é o verso 14 que mostra o unificar dos homens. O ponto de apoio do trabalho do Espírito está no espírito do verso 14. Quando o Espírito regenera um homem o faz para uni-lo àquele que é a gloriosa cabeça da igreja, que é o Supremo e Comandante das hostes dos que temem a Deus.
Em Efésios 2, Paulo diz que Jesus "aboliu na sua carne, a lei dos mandamentos na forma de ordenanças, para que dos dois criasse , em si mesmos, um novo homem, fazendo a paz". E vós, que vos encontrais distante, olhai para o Unificador.
O grande comentador Dr. George Campbell Morgan – (1863-1945), conta uma experiência que tivera com um moço que havia convertido há pouco. Este tomando uma folha disse-lhe: - Que maravilha de folha... tão linda... -- O senhor sabe meu amigo, eu nunca achei coisa alguma tão bela, acrescentou o moço, até que me converti.
Meus amigos, estamos num verdadeiro vale de ossos secos na Pátria brasileira. Há podridão em todas as partes. E sabemos que não apenas aqui.
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