COMPRADOS POR PREÇO (1Coríntios 6.19-20; 7.22-24)
- Pastor David Gomes
- 11 de ago.
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Sermão pregado em 17.01.1954
Discutimos, no primeiro domingo deste mês, a pertinente pergunta do salmista: "Que darei eu ao Senhor por todos os benefícios que me tem feito" (Salmo 116.12).
Domingo passado, examinamos algumas coisas a respeito do valor do tempo, procurando mostrar que o tempo vem de Deus assim como todas a coisas boas da vida.
Hoje examinaremos o assunto: "Comprados por preço".
Temos esta declaração em duas passagens, ambas em Coríntios e ambas em ocasiões significativas. Na primeira delas Paulo estava falando a respeito daquele que habita em nós, o Espírito Santo de Deus. Na segunda, estava falando sobre o casamento. Em matéria tão necessária e tão séria mister se faz todo o cuidado.
I - COMPRADOS POR PREÇO
Esta é a primeira parte do nosso texto. Comprar é palavra comercial. Compramos aquilo que julgamos necessário à nossa vida, ao nosso bem estar. O comprar inclui uma certa parcela de sacrifício daquela que paga, com a compensação do objeto possuído.
1. Nossa salvação teve um preço. Nos primeiros mil anos da história da igreja cristã, os homens não pensaram tanto na doutrina do resgate de nossas almas. Eles se impressionaram com o nascimento de Cristo, com os pastores e outras maravilhas a respeito da vinda de Cristo ao mundo. Mas, passado esse tempo, veio a época das formulações das teorias sobre a morte de Jesus. Por que morrera ele? Qual o significado dessa morte? Uma das teorias daqueles primeiros tempos foi a única maneira pela qual Deus pôde tirar das mãos de Satanás o destino da alma humana. O homem escolheu Satanás na manhã da queda e, portanto, o preço teria que ser pago para que o homem se libertasse de tão triste jugo.
2. Em Colossenses 1.13, Paulo afirma que Cristo nos libertou do império das trevas.
3. Em 1Pedro 1.17 a 19, temos a gloriosa declaração de que fomos resgatados, comprados de nossa fútil maneira de viver, não com ouro ou com prata, mas com o precioso sangue de Cristo. Entre aqueles valentes de Davi dos quais falamos no primeiro domingo do mês, se encontram três cujo nome é omitido, mas cuja obra é altamente impressionante. Trata-se daqueles três homens que viram o rei sedento na fortaleza sitiada pelos inimigos, os filisteus. E o rei declarou: "Tenho sede"... mas dissera isto e aqueles homens lançaram-se para forra da fortaleza e venceram os obstáculos e foram até a cisterna de Belém e trouxeram água a Davi .
Ele tomou em suas mãos aquele copo cheio de água cristalina e pura e derramou-o perante o Senhor, porque dizia: Porventura beberia eu o sangue dos homens que foram com risco de suas vidas? (2Samuel 23.16-17). Mais que eles, entretanto, foi o Mestre imaculado que deu seu próprio sangue para pagar o resgate de nossas almas do poder das trevas. O preço de nossa salvação é preço do sangue e só Jesus poderia pagá-lo.
II - NÃO SOIS DE VÓS MESMOS
Aqui está um dos pontos mais difíceis da vida e da conduta cristã: Compreender que não nos pertencemos. Mas, como não nos pertencemos se todos o peso de nossa imaginação é justamente posto a nosso próprio serviço? Compramos para nós. Almejamos para nós.
Todavia, a palavra nos adverte que não nos pertencemos a nós mesmos. Somente a vida que chega ao ponto de reconhecer que pertence a outro Mestre que não o eu egoísta e mau poderá realizar a vontade de Deus no fruto da salvação de almas.
Há anos, Mary Morrow foi enviada como missionária à China. Era o tempo da Guerra dos Boxers (1899-1901), quando tantos morreram. Certo dia, os soldados cercaram a missão onde muitos moços se encontravam. A questão era a seguinte:
-- Há crente em Jesus aqui?
Uma cruz desenhada no chão e a pergunta formulada:
-- Pronto a desprezá-lo ou não?
A pessoa era convidada a pisar sobre a cruz feita na terra.
Mary Morrow lançou-se com os braços abertos no meio dos homens:
-- Vede como sou estúpida? Meu chinês é tão horrível. Não sei falar. Mas aqueles moços que estão ali são chineses do mesmo sangue que vós. Se os matarem havereis de vos arrepende. Mas a mim, podeis matar.
-- Eu vim à China para falar-vos de Cristo e vos libertar do poder do pecado. Não me pertenço, pertenço a um Rei.
Houve silêncio no grupo. E começaram a marchar. Mas, naquele momento jovem General parou a tropa e gritou:
-- Somos homens ou não?
Todos disseram: -- Somos.
Então matemos essa que ousa professar um Cristo que precisamos exterminar. E todos pensaram que a vida de Mary Morrow havia sido inútil.
Vinte anos se passaram. Um dia uma igreja recebe a visita de um famoso General.
-- Que deseja, senhor?
-- Dar minha profissão de fé e ser batizado.
Surpresa geral. Por que? Os frágeis braços de uma corajosa missionária de 20 anos passados jamais me saíram da mente Quis saber por que morrera assim. Comprei uma Bíblia. Agora sou crente. E não houve soldado daquele General que não possuísse a sua Bíblia. Eis o que acontece quando o homem realmente se esquece de si mesmo e pensa naquele que deu a sua vida para salvá-lo.
III - GLORIFICAI, POIS, A DEUS
1. Glorificai-o, porque o vosso corpo e o vosso espírito pertence a Deus. Disse alguém que Jesus nos comprou por direito de criação e de redenção. Ele nos fez homens e nos fez crentes.
2. Glorifiquemos a Deus, porque Ele nos deu a Cristo. "Todos que o Pai me dá vem a mim" (João 6.37-40).
3. Glorifiquemos a Deus, porque Ele nos deu o Espírito Santo para habitar continuamente em nós.
Paulo estava ciente do fato de que pertencia a Deus.
Deixou, pois, escritas as palavras de 1Coríntios 9.27: "Esmurro o meu corpo e o reduzo à servidão". E a não menos gloriosas de Romanos 12.1-3.
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