Pregado em 14.07.1954 na então Igreja Batista da Tijuca, hoje Primeira Igreja Batista no Andaraí.
A cena que estamos apresentando hoje teve lugar na última semana e os últimos dias de Jesus. Ele tem seu início com a instituição da Ceia, quando Jesus solenemente afirmou que, de fato, deixaria este mundo, pelo qual ia se entregar. Os intérpretes do Novo Testamento colocam após a Ceia os célebres discursos de Jesus encontrados em João 14.
Notamos assim, logo de início, algo curioso em Jesus. Ao se aproximar da cruz e ao falar de sua morte, ainda assim estava disposto a cantar hinos. Esta a lição do verso 30. Ele sabia que seria preso, maltratado, negado e morto, mas ainda assim estava pronto a cantar com os seus discípulos. Depois de ter cantado o hino, Jesus começou por falar sobre a Cada das Muitas Moradas, do Consolador Perfeito, e, finalmente, fez a oração de intercessão pelos seus discípulos. Quantas palavras de amor e de consolação saídas de um coração cheio de profunda tristeza.
Notemos agora o verso 38: "Minha alma está cheia de tristeza até a morte". Na hora da tristeza suprema, Jesus buscava a arma suprema: "Velai comigo". Ele ia orar mas apelava para a oração coletiva. Notai, entretanto, que Ele pedia que eles orassem, Ele tirava um grupo para orar, e, finalmente, orava sozinho. A oração que recomendava aos três que escolhera para acompanhá-lo era: "Vigiai e orai para que não entreis em tentação" (Lucas 22.40).
Notemos, em seguida, como ao voltar de sua primeira grande experiência de oração, Jesus encontrou o grupo que deveria ser mais espiritual a dormir. Eles não puderam vigiar com Ele. Se aqueles que eram os mais especiais, o que se poderiam dizer dos outros?
Observemos o método de Jesus: Porque selecionou três, quando havia chamado doze?
Há fatos e decisões que não devem constituir domínio de todos.Jesus tinha três a quem levara para o Monte da Transfiguração, para a ressuscitação de Talita e agora no Jardim. Para os momentos de alegria íntima, para as horas de tristeza e nos momentos de dor passados pelo Mestre, sempre se fez ouvir a sabedoria e o amor do Salvador.
Antes de ir, instruiu -os a orar. Mas não se satisfez em conclamá-los à oração. Ele foi também para orar. Cada um de nós precisa das orações coletivas, mas, ai de nós se não orarmos nós mesmos.
Observemos agora a insistência do Mestre em orar. Mas não foi uma insistência tola. Foi uma insistência submissa. No principio ele falava de uma vontade própria, mas depois rendeu-se à única vontade verdadeira, a vontade de Deus.
Irmãos, também nós estamos em crise. Não é tarefa fácil procurar um pastor que possa conduzir uma igreja aos mais sublimes e elevados ideais. Mas Jesus venceu e nós poderemos vencer. Notai, entretanto, que Jesus não venceu antes de haver soado sangue e padecido em agonizantes orações.