Jerusalém continuava convulsionada. A condenação de Jesus ao sacrifício da cruz dividia opiniões, agora confundidas pelos crentes que mandavam notícias ao povo, afirmando haver o Senhor ressuscitado. E a verdade que se espalhava entre os incrédulos que nunca viram o Senhor ressuscitado, ia crescendo entre os crentes fiéis. Jesus, por sua vez, se preparava para a despedida. Convocou pois seus discípulos para uma caminhada final. Ele queria ir com eles a Galiléia, a um Monte... Ele queria que tivessem visão da montanha para que pudessem ver mais longe, sentir mais profundo. E chegando ao alto, disse-lhes “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura”. São estas as palavras que se constituem no tema deste congresso e que ocuparão nossos pensamentos nos momentos que se seguirão. Ide, fazei discípulos de todas as nações... Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura... Assim como o Pai me enviou, assim eu também vos envio... Mas recebereis poder... e ser-me-eis testemunhas. Há uma infinidade de formas de considerarmos essa Comissão. Se a considerarmos do ponto de vista do homem sem Cristo, podemos ver nela mais uma prova do amor de Deus. Jesus havia pensado em termos de indivíduos. Se considerarmos do ponto de vista dos crentes, podemos destacar a confiança do Mestre e seu desejo de usar-nos para a realização do seu ministério entre nós. Chamo a atenção inicialmente ao registro da Comissão que pode ser dividido em quatro facetas distintas. Mateus registra o escopo da Grande Comissão (Mateus 28.16-20). Marcos, a profundidade (16.15) Lucas o método (24.47).
I - UMA TAREFA IMENSA A toda criatura... todos os povos... todas as eras... entre todos os obstáculos. Jesus teve em mente tempos e estações e sua Comissão continua em vigor todos os tempos e em todos os dias. Notemos que não é falar, nem apenas pregar mas nos diz que é fazer discípulos. A glória de fazer discípulos. Perdoai-me uma experiência pessoal vivida há alguns anos, talvez dois anos. Encontrei no comércio o filho de um crente do Sul. Falei-lhe de Cristo e da urgência de aceitá-lo. Levei-o à igreja onde preguei e entreguei-o ao pastor. Agora encontro-o batizado com a esposa e filhos.
II - UMA VISÃO DE AMOR Jesus não pensou na cor dos homens, mas nas suas almas. Não pensou no seu linguajar, mas na sua alma; não pensou nas suas tradições, mas na sua alma, não pensou nos seus fracassos, mas na sua alma, não pensou no desprezo que os homens lhe devotam, muitas vezes, mas na importância de sua alma. Leio uma parábola moderna. Dois irmãos. Um deles tendente ao erro e à queda. O mais velho o amparava, contudo, até um dia quando a paciência lhe foi e ele resolveu deixar que o irmão permanecesse no erro. Acontece que o pastor da igreja foi visitar a família e ao chegar notou algo estranho na sala. Vendo o irmão mais velho perto, foi ao seu encontro pedindo que viesse em favor do irmão foragido. Mas a réplica foi feita: Ele já foi muito ajudado. Deixe-o ficar agora e pagar o preço de sua estultícia. O pastor não se conteve. Chegue ali e olhe pelo vidro o que sua mãe está fazendo e volte a dizer-me. O rapaz foi e voltou para guardar a ferramenta. Por que a guardas? Posso ver as lágrimas de minha mãe e ouvir seu gemido a favor do meu irmão e deixá-lo se perde? Jesus teve a visão do amor e esta visão é a única forma pela qual a grande Comissão será cumprida. A toda criatura em amor, a toda criatura com alegria, com persistência, como o evangelho, com sacrifício total.
III - A TODA CRIATURA NO BRASIL Cada dez segundos nasce uma criança no Brasil. Isto revela que em um minuto temos seis novos brasileirinhos e em cada hora 360 brasileirinhos entram em algum lar no Brasil (Revista Manchete de 20.06.64). A Junta de Missões Nacionais está tentando levar a Grande Comissão ao Brasil. Termino com a ilustração do pintor Tyra Stenburg (1885-1975), conhecido e respeitado em Dusseldorf, Alemanha, onde nasceu. Passeava ele um dia pelo campo quando viu uma cigana tão linda que resolveu convidá-la para servir-lhe de modelo. A jovem cigana aceitou a proposta e veio posar. Já no segundo dia ficou encantada com um retrato... Que é aquilo... É o Cristo, não sabes? Mas por que está pregado na cruz? Vieste posar e não perguntar. No dia seguinte: Ele deve ter sido muito mau, não? Por isso o pregaram, não? Certo que não, mas não me pergunte mais... Se ele não é mau, por que morreu? Para salvar os homens... Todos os homens? Não sei nem quero saber. A cigana foi sem a mensagem. Aquele pintor cristão nada podia dizer para salvar aquela alma. Pepita havia dito palavras que feriram o coração de Stenburg. E ele começou a lutar com Deus até fazer sua entrega... Colocou o quadro na galeria com os dizeres: Ele morreu por mim... Certo dia encontrou uma jovem paupérrima que chorava. Era Pepita... E Pepita foi levada a Cristo. Alguns meses mais tarde Stenburg foi chamado a socorrer uma jovem... Era Pepita que morria, mas sorrindo, porque Jesus por ela morrera.