Sermão pregado na Igreja Batista da Tijuca, hoje Primeira Igreja Batista no Andaraí – Rio de Janeiro (RJ) em 22.04.1951
O homem é animal social. Daí a facilidade com que nos enchemos de ideias que não são senão o resultado do meio em que vivemos, algumas delas simplesmente atos reflexos em nossa experiência diária. Vamos abordar dois aspectos perigosos da doutrina das tradições no meio das quais vivemos. Convém que a todos atentemos.
Existem outras que são perigosas e perniciosas e contra as quais devemos nos resguardar. Eu jamais me insurgiria contra as tradições cívicas bem fundadas de nossa terra ou contra as tradições legítimas de nossas famílias. Mas não devemos de maneira nenhuma contemporizar com as tradições onde o apóstolo chama de vãs neste trecho que acabamos de ler.
I - TRADIÇÕES QUE SÃO TRAIÇÕES E QUE SURGEM DE UMA EDUCAÇÃO DEFEITUOSA
1. Estamos entre os países líderes do mundo, no que diz respeito à mortalidade infantil. Quais as causas para isto? Será uma questão de clima? Cremos que não, porque países de climas reconhecidamente piores do que o nosso não apresentam tão alto índice de mortalidade infantil. Seria por falta de desenvolvimento científico? Por certo que não. Uma cidade como o Rio de Janeiro está aparelhada com o que há de mais moderno na medicina. Temos bons profissionais e bons hospitais. Qual a razão para vermos nossos cemitérios cheios de crianças de meses? É que temos uma mentalidade de tradição nesta matéria. Quantas vezes ouvimos de alguém desejaria saber melhor expressões como esta: “minha mãe me criou com feijão preto desde o primeiro mês; porque não hei de criar meu filho assim?”
2. Estamos com um dos países líderes na sífilis. Em cada 100 mil apresentamos um índice 49.5% em sífilis, enquanto que o segundo país , o Chile, apresenta um índice de 25,7%. Por que? Por que vivemos num país de desajustados sexuais. Fernando Sabino – (1923-2004) escreveu um livro sobre o Brasil e neste livro ele diz que aqui os moços são educados a frequentar lugares com uma grande necessidade. Vergonha das vergonhas. Mas chegamos a este ponto em grande parte porque os pais se negam a ensinar seus filhos os rudimentos biológicos, as transformações do corpo e estes vão para as esquinas das ruas para aprenderem dos maus e ignorantes aquilo que deveriam aprender de seus pais.
3. Temos tradições vergonhosas no que diz respeito a questões de superstição. Falamos de ventre virado, de quebranto de mal olhado. Jogamos cal nas sepulturas. Tabus que nos vem dos avós. Tais tradições são como traições à nossa vida e ao nosso futuro.
II - TRADIÇÕES QUE SÃO TRAIÇÕES NO QUE DIZ RESPEITO À VIDA RELIGIOSA
1. Em Marcos capítulo 7 temos um quadro descritivo bem semelhante ao que vemos nos dias que correm. Os judeus viviam segundo certas normas e tradições e cumpri-las significava que tudo estava pronto. Mesmo José e Maria, a mãe de Jesus, desceram ao templo, segundo os costumes.
2. Vivemos aqui num tempo de tradições. "Sigo porque recebi assim. Faço tais e tais cerimoniais porque julgo que deva fazê-lo assim".Quando uma tradição chega a impedir o homem de aplicar seu coração e sua mente aos assuntos sérios de vida ou de morte relacionados a sua própria salvação, então sua tradição se torna em maldição.
3. A religião não pode ser circunscrita à prática ou não de certos e determinados atos.. A religião tem de ser fruto de uma adoração consciente e enraizada, partindo do próprio centro da vida ou do nosso coração..
4. O apóstolo São Pedro chama a este conjunto de cerimoniais vazios, nos quais o coração do homem não se encontra de vão maneira de viver.
III - A NORMA CRISTÃ EM RELAÇÃO AO SSUNTO
A religião cristã trata do assunto pela base. O homem crente deve ser feito criação nova, totalmente nova. O crente não pode ser um homem remendado no sentido de sua transformação, mas é um homem novo.
1. Verso 23. O homem é gerado de novo. É cortado de seu meio, de suas ideias próprias, de suas manias. É inteiramente.
2. Não é gerado segundo as normas deste mundo, mas gerado de uma semente incorruptível, a Palavra do Deus vivo que permanece para sempre.
3. O cristão se transforma assim em participante de um novo povo, uma nova família, um novo sacerdócio – (2.9-10).
4. O preço do resgate. O precioso sangue de Cristo, de um cordeiro manso e imaculado - 1.19.
Comments