As Escrituras nos falam na carta aos Romanos da linguagem do sangue de Abel, que sendo morto ainda fala.
Quando vínhamos do Morro do Andaraí, vimos o sangue de nossos irmãos derramado pelo chão e sentimos que aquele sangue falava. Falava da perversidade de um, fala da consagração de outros, falava ainda da indiferença de outros... Leio de um rapaz que, no campo de batalha, chama seu capelão e pede-lhe um lenço. Depois de colocá-lo sobre o sangue do seu corpo que escorria da ferida aberta pelo inimigo, ele pede: "Capelão, envie este lenço à minha mãe... Aquele sangue contaria toda a história à sua mãe. Todo o seu patriotismo. Toda a estupidez da guerra. Toda a alegria do dever cumprido. Sim, o sangue falaria tudo. Esta é a linguagem universal do sangue, porque no sangue está a vida", diz o Senhor.
Pensemos por um pouco no sangue do Cordeiro, o qual foi morto, levando em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro para que mortos para a injustiça pudéssemos viver para Deus (1Pedro 2.24).
i - O SANGUE DE JESUS FALA DE APROXIMAÇÃO
1. Aproximação de judeus e gentios. Os primeiros tendo mais luz, mas nem por isto maior direito.
2. Aproximação de judeus e samaritanos, inimigos tradicionais através dos séculos.
3. Aproximação de senhores e escravos, de ricos e pobres, de santos e pecadores. Destarte Filemon e Onésimo aparecem na mesma carta, unidos pelo mesmo amor comum. José de Arimatéia pede o corpo do pobre Nazareno. Madalena achou seu lugar ao sol.
4. Aproximação de Deus e os homens. Os profetas procuravam salientar a separação entre Deus e os homens por causa dos pecados (Isaias 59.2; Jeremias 5.25). Mas Jesus não salientou as diferenças, as distâncias, mas falou principalmente do amor de Deus, oferecido a ricos e pobres, bons e maus. "Eu não vim senão a chamar os pecadores ao arrependimento" (Lucas 5.32). Não há diferença, é o argumento de Paulo aos Romanos. Deus não faz acepção de pessoas, foi a mensagem do anjo ao Pedro nacionalista.
II - O SANGUE DE JESUS FALA DE RECONCILIAÇÃO
A mensagem da cruz, a palavra do sangue não se contenta com aproximação, mas vai até a reconciliação. E aqui amigos, prestai atenção.
1. Reconciliação pelo sacrifício de seu corpo. Fez-se maldição por nós (Gálatas 3.)
2. Reconciliação com sacrifício do seu conforto. "O filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça" (Mateus 8.20).
3. Reconciliação com sacrifício de seus bens.
4. Reconciliação com sacrifício da sua própria vida.
Agora, talvez alguém esteja disposto a promover um apaziguamento por meio de palavras, de insistência, por meio de rogativas. Mas ninguém estaria disposto a apaziguar, reconciliar pela própria vida. Mas Cristo assim o fez. Li de um cidadão que morreu quando lhe tiravam o sangue que salvaria o seu amigo. Teria ele se oferecido se soubesse o que lhe aguardava? Mas houve meios para que esta reconciliação se tornasse efetiva e aplicável a todos nós:
1. Reconciliação por meio de purificação (Hebreus 1.19). João diz: "seu sangue nos purifica de todo o pecado" (1João 1.7). Notemos que somente este sangue poderia purificar. "Sem derramamento de sangue não há remissão" (Hebreus 9.22).
2. Reconciliação por meio de resgate.
3. Reconciliação por meio de união com Cristo tornando dois em um, fazendo a paz... "Vivo não mais eu, mas Cristo vive em mim" (Gálatas 2.11).
III- O SANGUE DE CRISTO FALA DO ÚLTIMO DE DEUS
1. A cruz é o último argumento de Deus. Deus falou aos homens por meio de enviados, profetas, videntes, mestres, ensinados, sacerdotes, reis, símbolos. Falou por meio de provações e castigos. Falou por meio de sinais nos céus e na terra. Falou por meio de livramentos extraordinários e promessas as mais sublimes. Mas nada disso removeu o homens dos seus pecados (Jeremias 2.22).
2. Tendo falhado por todos os meios, "sem derramamento de sangue não há remissão" se tornou imperativo. "Deus prova o seu amor para conosco em que Cristo morreu"... Ninguém tem maior amor do que este, de dar a sua vida".
3. Mas sendo a cruz o último argumento de Deus, o homem é salvo pela loucura da pregação ou perdido. Salvo através do sangue de Cristo ou perdido. (Hebreus 9.14-15).
4. "Não me propus saber entre vós senão Cristo e este crucificado" (1Corintios .2). Mas que absurdo. Um doutor dos gentios vir pregar salvação por meio de um judeu morto por gentios numa cruz gentia! Absurdo, sim.Mas é último argumento. Era a única mensagem que Paulo tinha. E a única mensagem que nós temos. Difícil, profunda, mas é último argumento.
Dr. Lins Albuquerque (*) viveu a batalha à procura de sangue para salvar sua esposa. Correu toda a cidade a procura de sangue. Mas o preço era espantoso. Finalmente teve de pagar. Mas o sangue de Cristo é de graça. Durante a tragédia de Gericinó o Banco de Sangue da Prefeitura esgotou suas reservas, mas ainda assim poucos puderam ser salvos.
(*) NR: não temos mais detalhes sobre este Dr Lins Albuquerque aqui citado.
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