Deixados estes preâmbulos, vamos agora entrar naquilo que eu chamo os quatro times da fé. E seria interessante se nós pudéssemos, logo de início, dar a ordem desses times, e eu fico um pouco em dúvida quanto a esta divisão, porque há muita coisa que deve ser dita antes.
Observemos o time número 1: Abel, Enoque e Noé. Aqui é o trio da defesa. No meio do campo nós temos: Abraão, Isaque e Jacó. E na linha de ataque nós temos cinco componentes: Sara, Esaú, José, Efraim e Manassés. Observe que apenas uma mulher entrou neste time. E um dos que entraram, Esaú, podemos dizer na linguagem moderna do futebol brasileiro, teria recebido um cartão amarelo. (Não chegou a ser o cartão vermelho de Caim, que aparece no inicio). Ele veio reconciliar-se com Jacó. Ele conseguiu ainda parte da bênção, mais chorou pela bênção inteira que não conseguiu mais.
No time número dois, eu diria, citando Hebreus: Moisés e Josué. Note-se que o nome de Josué não aparece, mas o feito é referente a Jacó e Raabe. Seriam os da defesa. Gedeão, Baraque e Sansão, são da linha central. E no ataque nós temos: Jefté, Davi, Samuel, Isaias e Jeremias. Tiro alguns dos profetas, tendo em vista a frase sintética do autor. Creio que Ezequiel e Daniel poderiam ser colocados na reserva desse time número dois.
Para o time número três, nós encontramos os nomes que estão sintetizados nas palavras dos profetas e eu diria: Oseias, Joel e Amós, como a defesa. Obadias, Jonas e Miqueias na linha do centro, e no ataque: Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu e Zacarias e, como reserva eu colocaria Malaquias. Podíamos ainda acrescentar duas mulheres na reserva. A primeira, a viúva de Sarepta, e a segunda, a viúva possivelmente de Obadias, mencionada nas histórias do profeta Eliseu. Temos nesses nomes o que eu chamara de os três primeiros times, os times daqueles que viveram e que ilustraram na sua vida, a vida de fé. E o quarto time vai ser focalizado depois. Ele tem a sua base no desafio presente daquilo que nós deveríamos ser.
Com este quadro assim por inteiro, creio que estamos em condições de ir examinando um pouco este time da fé. Notem que no time número um a defesa está formada por Abel, Enoque e Noé. Abel é o goleiro. Talvez a posição mais importante no time seja realmente a de goleiro. Ele é que garante a defesa. Mas, quando nós examinamos de perto, aprendemos que Abel tem significado do seu nome: Vaidade, sopro. A referência é algo muito passageiro. Abel é vaidade, é sopro. Ele marca no contexto da Bíblia o que eu chamaria uma transição da graça. Abel aparece logo depois da expulsão dos nossos pais do Paraíso.
O capítulo três de Gênesis se encerra com a expulsão de Adão e Eva e, naturalmente, e dos seus familiares que existissem. Agora, quando eles são postos para fora do Paraíso, quando eles cruzam para o outro lado, quando aparentemente Deus ficou para trás e os deixou, é precisamente neste momento que Deus começa a formar o time da fé.
Em outras palavras, a graça de Deus havia de acompanhar o homem. O homem não seria deixado só. Abel vem primeiro. É o homem que seria morto pelo irmão incrédulo e assassino. Abel, diz o comentador, é como o cedro que se torna mais preciso depois que é arrancado, por assim dizer, depois que é morto. Abel foi útil na vida, mas tornou-se mais útil na morte. É impressionante vermos este homem colocado na defesa principal no quadro do time da fé. A lição que eu vejo por detrás daquela fragilidade, é o fato de que Deus é o autor, é o agente, é o defensor, é aquele que nos garante. O homem é apenas um instrumento. É a ferramenta que Deus usa para realizar o seu ideal. Nada mais que isto. Deus é o autor, Deus é o Rei. (continua)