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MENSAGEM DO CORAÇÃO

Mt 5.17-20; Mc 10.17-22

Lembramos em primeiro lugar que a palavra lei na concepção dos judeus implicava não somente os dez mandamentos, mas todos os cinco primeiros livros da Bíblia. Os judeus dividiam a Bíblia em três partes: Lei, Profetas e Salmos; como encontramos mencionado em Lc 24.44. Em segundo lugar devemos lembrar que os escribas e fariseus dividiam os diversos mandamentos em grandes e pequenos, leves e pesados. E todos sabemos que os mandamentos da lei mosaica não se limitavam a dez, mas em alguns milhares. A primeira coisa que notamos na atitude de Jesus para com a lei e os profetas, em outras palavras, em relação ao Velho Testamento, é que Ele aceitava todo o Velho Testamento no mesmo pé de igualdade e o viera cumprir em sua vida, em sua conduta e em sua obra. Por outro lado, os versos que se seguem ao nosso texto (versos 21 a 48) mostram a superioridade de Jesus no desenvolvimento da legislação mosaica, principalmente no que diz respeito à lei em relação aos homens. Vale a pena ler sua interpretação ao sétimo mandamento, bem como em relação à lei dos juramentos e à pena de talião.

Dadas essas explicações gerais passaremos a considerar o texto. Jesus estava começando o seu ministério e precisava deixar bem claro o seu ponto de vista. Por isso dizia: “Não penseis que vim destruir a lei. Minha tarefa não é destruir, mas dar à lei o seu perfeito significado. Eu vim revelar a lei em seu perfeito significado. Desta forma nem o mínimo jota ou o pequenino til será tirado da lei, antes que seja cumprido”. Não podemos deixar de ver aí uma repreensão da parte de Cristo àqueles que enfatizavam alguns pontos da lei, em detrimento de outros. Alguns daqueles que não moviam uma palha no dia de sábado, por exemplo, mas que não traziam os seus corações cheios de amor, não respeitavam suas esposas e não cumpriam as verdadeiras obrigações para com Deus. Em Lc 16.16 disse Jesus: “A lei e os profetas duraram até João; desde então é anunciado o Reino de Deus”. Em outras palavras até aqui vivestes em cerimônias, de determinações e preceitos; agora tendes aqui aquele que sendo maior do que a lei vos apresenta uma nova norma de vida e de conduta, ou sejam os ideais do Reino de Deus. Até aqui tivestes preceitos; agora tendes uma nova relação. Vale a pena estudar a epístola de Paulo aos Gálatas, tendo em mente notarmos a significação da lei mosaica, segundo a sua compreensão. Veremos que a compreensão de Paulo é exatamente a compreensão de Jesus. Segundo Paulo a função da lei foi tríplice: A lei foi o aio, o pedagogo que nos trouxe a Cristo – Gálatas 3.24.

O pedagogo ou aio era um escravo que tomava conta da criança grega, quando ia para a escola, bem como ao voltar da aula. Na linguagem de Paulo foi este o papel da lei: Levar-nos a Cristo, o supremo Mestre. Em Romanos 7 Paulo nos diz então que a função da lei foi mostrar ao homem o quão pecador ele é e quanto precisa da graça de Deus para a salvação. Estes são, exatamente, as ideias de Cristo em relação à lei. Cristo não trouxe uma obrigação de cumprir a letra da lei. Mas Ele trouxe a lei do espírito de vida, para usarmos a expressão de Paulo. É o que Jesus ensina em Mateus 5. A lei dizia: Não matarás. Todavia, se o homem deliberasse não matar somente porque a lei assim ordenava, mas em troca odiava seu irmão no coração, de nada valeria o cumprimento dessa lei. Mas, se o homem guardava o sábado, porque a lei assim ordenava e se mostrava intolerante e malquerente para aqueles que não se julgassem obrigados a guardar o sábado então de nada lhe valeria essa observância.

A ilustração destes fatos se encontra no seguinte trecho de nossa lição, em Mc 10.17-22. Temos aqui a narrativa do encontro do moço rico com a pessoa de Jesus. Trata-se de um moço de escol, que passara a vida a guardar os mandamentos. Como ele próprio dissera: Tudo isto tenho feito desde a minha mocidade. Aparentemente havia júbilo imenso no coração do moço, em virtude de sua conduta em relação aos mandamentos. Mas Jesus perturba esse júbilo ao dizer: “Ainda te falta uma Coisa”... O moço se entristeceu. Sua mente perturbou-se. Pela primeira vez alguém lhe dizia que a simples observância dos mandamentos de nada vale. Ninguém é salvo por guardar o domingo ou a segunda-feira ou sexta-feira. Como diz São Paulo em Romanos 14.5: “Um faz diferença entre dia e dia, mas outro julga iguais todos os dias... Aquele que faz caso do dia para o Senhor o faz”. Se guardarmos um determinado dia porque a lei diz, então não aprendemos ainda o espírito dessa mesma lei. E foi justamente essa má compreensão da finalidade da lei que estabeleceu o grande conflito entre Jesus e os fariseus e sacerdotes. Estes acusavam a Jesus continuamente de quebrar o sábado. Por que quebrava ele o sábado?

Porque curava enfermos e consolava aos tristes. A letra mata e o espírito vivifica, diz São Paulo e desse sentimento partilhou Jesus. Já nos dias do Velho Testamento o profeta Isaías dizia no capítulo 1 do seu livro: “De que me serve a multidão de vossos sacrifícios, diz o Senhor?... Quando compareceis perante mim que requereu isto de vossas mãos?... Não me tragais mais sacrifícios vãos... vosso incenso, vossas luas novas e vossos sábados são abominação a mim”.

Por que dizia assim o profeta? Estaria Deus arrependido de haver organizado o culto? Por certo que não. Mas aquele culto era vazio de respeito. Era um cumprimento de preceito, não uma atitude espontânea do coração. Um homem ou mulher pode ser membro de uma igreja batista ou metodista ou qualquer outra igreja e, ainda ser perdido; uma pessoa pode assistir a todos os cultos em sua igreja e ainda assim, não adorar a Deus. Por que? Porque para Deus não vale tanto a letra do preceito quanto o coração e a conduta do adorador.

O culto que Deus exige é espiritual, partido do coração e não mero cumprimento da letra da lei. Este o ensino de Jesus em relação à lei. Lede cuidadosamente a entrevista de Jesus com a mulher samaritana no capítulo 4 de João. Aquela mulher estava preocupada com a guarda da lei cerimonial. Ela fazia questão de adorar no monte Gerizim, para cumprir a tradição. Mas Jesus lhe responde: “Deus é Espírito e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade”. Deus jamais pediria a seus filhos, por exemplo, que contradissessem as leis de nosso país que reconhecem o domingo como dia de descanso, exigindo que seus filhos guardassem outro dia. Mas Deus condenará a qualquer de seus filhos que menoscabem o dia do seu culto. Que fiquem em casa ou lotem os cinemas ou se alegrem com os amigos enquanto sua igreja reunida canta louvores ao Senhor.

Sim, Deus quer que nosso culto seja espiritual, espontâneo e constante. Vamos terminar com as palavras de Miquéias capítulo 6 verso 6 a 8: Com que me apresentarei ao Senhor? ... Virei perante Ele com holocausto, com bezerro de um ano? ... Agradar-se-á o Senhor com milhares de carneiros? ... O profeta responde a essas interrogações humanas ao dizer: “Ele te declarou ó homem o que é bom. E o que é que o Senhor pede de ti, senão pratiques a justiça e ames a beneficência e andes humildemente com o teu Deus”?

Meu amigo: Como tens tu adorado a Deus? Como tens servido a Deus? Por simples cumprimento de preceitos ou com um coração cheio de amor e de respeito por aquele que nos ama e em seu sangue nos remiu dos nossos pecados?

Oxalá cada aluno e cada amigo da Escola Bíblica do Ar possa nesta hora abaixar a sua cabeça e o seu coração e suplicar a Deus o perdão para os seus pecados e a presença de Jesus em seu coração para a sua salvação.

 

EM: A VOZ DA ESCOLA BÍBLICA DO AR Ano I – Setembro de 1952 – número 1

Pastor David Gomes

 
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